Conheça o homem que abriu caminho para a história de sucesso de Ceni

07-09-2010 11:50

 

O goleiro já tinha testes programados no Santos e no Bragantino, mas Jose Acraz conseguiu trazê-lo ao São Paulo e depois impediu sua ida ao Corinthians

 

Muitas pessoas tiveram enorme importância na trajetória de sucesso de Rogério Ceni no São Paulo, que começou no dia 7 de setembro de 1990 e nesta terça-feira completa 20 anos. Mas uma em especial é a grande responsável para que tudo isso acontecesse. E atende pelo nome de Jose Acraz.

Jose Acraz
Jose Acraz mostra com carinho os recortes com as fotos do capitão são-paulino e um quadro com autógrafo de todos os jogadores do elenco do time do Morumbi (Foto: Marcelo Prado)

Conselheiro do clube, hoje com 82 anos, ele se emociona a cada vez que fala do camisa 1 são-paulino. Para se ter uma ideia, no dia em que São Paulo e Internacional se enfrentaram no estádio do Morumbi pela semifinal da Taça Libertadores da América, ele esteve no restaurante do estádio com um grupo de amigos. O local, lotado, com mais de 200 pessoas. Eis que alguém levanta da mesa e, apontando para Acraz, diz.

- Atenção, todos. Esse foi o cara que trouxe Rogério Ceni para o São Paulo.

O que se viu depois foram enormes manifestações de carinho e agradecimento. E Acraz pensou que o coração não fosse resistir.

- Chorei, não tinha como. Hoje, quando você vê tudo o que o Rogério representa para o São Paulo, eu fico com uma ponta de satisfação, afinal fui eu quem abriu o caminho para que tudo isso acontecesse - disse.

Rogerio Ceni Jose Acraz
Acraz e Ceni comemoram título paulista de 1998 (Foto: Site oficial do SPFC www.saopaulofc.net)
 

Tudo aconteceu em 1990. Acraz era diretor adjunto de futebol e, como todo dirigente, recebia inúmeras indicações de jogadores para serem testados. Foi quando um amigo de Sinop ligou e disse que tinha um goleiro fora de série esperando uma oportunidade.

- Falei para trazer. No treino, com apenas dois minutos, o Gilberto (treinador dos juniores) olhou para mim e falou: pode contratar. Na sequência, procurei o pai dele e disse que ele seria atleta do São Paulo se conseguisse voltar com o atestado liberatório. Como na época o Rogério trabalhava no Banco do Brasil, disse para avisar que ele havia sido transferido para trabalhar em São Paulo no banco e não para ser jogador de futebol. Deu tudo certo, ele assinou e foi morar no alojamento do estádio do Morumbi - ressaltou.

Situação resolvida, Acraz então pegou uma semana de folga e seguiu para o Mato Grosso para pescar com amigos. Foi quando o pai de Rogério, seu Eurydes, ligou e disse que o filho não iria permanecer e que estava de saída para fazer um teste no Corinthians.

- Foi uma questão política. O técnico da equipe na época, o Toninho, não gostava de mim e como o Rogério foi uma indicação minha, ele colocou o rapaz na geladeira. Falei para o pai ter um dia de paciência que iria resolver a situação. Liguei para o Fernando Casal Del Rey (presidente na época), expliquei o que havia acontecido, e o Toninho foi demitido. Chegou o Silva, e o Rogério finalmente pôde traçar seu caminho de glórias e títulos - afirmou o dirigente.

Rogerio Ceni Jose Acraz
Goleiro não esconde o carinho pelo conselheiro(Foto: Site oficial do SPFC / www.saopaulofc.net)
 

Rogério Ceni não economiza nos agradecimentos ao falar de Acraz.

- Tudo que conquistei devo a ele. Estava decidido a vir para fazer um teste no Bragantino e no Santos. Mas, quando ele ligou para o meu pai e disse que havia conseguido um teste no São Paulo, esqueci tudo e vim sem pensar. Sempre que o encontro, faço questão de agradecê-lo. Ele é uma pessoa muito especial - afirmou o camisa 1 do time do Morumbi.
 

Acraz promete ir ao CT da Barra Funda nesta terça-feira para dar um abraço pessoalmente no goleiro e recordista Rogério Ceni.

- Faço questão porque ele é um mito, uma pessoa fora de série - concluiu.

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