Carlos Alberto abre as portas de casa e lembra do início da amizade com Deco
20-08-2010 12:50
O número 19 virou uma marca na carreira de Carlos Alberto. Está estampado nas costas quando entra em campo, foi tatuado no braço esquerdo e aparece até no endereço do site oficial do jogador: www.ca19.com.br. E toda esta história nasceu junto com uma das amizades mais fortes que o capitão vascaíno fez no futebol. Em 2004, ao deixar o Fluminense e chegar ao Porto, o meia encarou um problema. A camisa 10, que havia o acompanhado por anos e anos, já tinha um dono: Deco, então ídolo do clube.
Carlos Alberto não tinha outra opção. Precisava escolher um outro número para jogar. A mudança teve um dedo do técnico português José Mourinho, comandante do time luso naquela época e que, hoje em dia, treina o Real Madrid, da Espanha.
- É uma história engraçada. Os grandes jogadores sempre usam a camisa 10 e comigo não era diferente. Quando eu cheguei, o (José) Mourinho me perguntou com qual número eu queria jogar. Não pensei duas vezes: "Quero a 10". Ele respondeu: "Está maluco? Esse é o número do Deco". O Mourinho então continuou: "Garoto, você tem personalidade, mas vai jogar com a 19. E 1+9 é igual a 10. Você vai fazer 19 anos, vamos ganhar tudo. Esse ano vai ser marcante na sua vida e você vai jogar com a 19 o resto da sua carreira" - relembrou Carlos Alberto, que abriu as portas de casa, no Rio de Janeiro, para a reportagem do GLOBOESPORTE.COM.
Feijão, apelido que ganhou rapidamente em Portugal, gostou da ideia. E sem a possibilidade de jogar com a camisa 10, Carlos Alberto seguiu o conselho de Mourinho e estampou 1+9 em seu uniforme no Porto. Era o começo de um casamento cheio de conquistas.
- Tinha o símbolo de "+" bem pequeno entre o 1 e o 9. Em outros clubes eu fiz a mesma coisa - contou o jogador, que também tem o número 19 tatuado no braço.
No armário, uma vasta coleção de camisas de futebol. São cerca de 150, de clubes e jogadores de todo o mundo. Mas três delas chamam a atenção, todas do apoiador Deco, recém-contratado pelo Fluminense. Uma do Chelsea, uma do Porto e outra do Barcelona. As peças não fazem parte do acervo de um colecionador, mas sim do capitão Carlos Alberto, estrela do Vasco. E ele acusa o golpe quando percebe que uma delas está fora do lugar.
- Opa! Cadê a camisa azul do Deco? Esse lugar aqui é sagrado, ninguém mexe. Quando não estou, raramente alguém aparece aqui - relatou o capitão vascaíno.
A sala fica no terceiro andar da casa onde o apoiador mora, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. E curiosamente, o dono das camisas que o jogador tem orgulho de mostrar será o seu adversário no clássico deste domingo, às 18h30m (de Brasília), no Maracanã, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Além dos uniformes do amigo, o capitão vascaíno tem exemplares do francês Zidane, dos tempos de Real Madrid, e do atacante Ronaldo Fenômeno, utilizada na semifinal da Copa do Brasil de 2009.
Capitão vascaíno abre as portas da própria casa e é fotografado em momentos bem descontraídos na sessão de fotos exclusiva |
Carlos Alberto, que também tem um painel com os seus feitos no Porto, de Portugal, na parede que antecede o andar de sua coleção, fez questão de explicar o carinho que tem por Deco.
- Sou suspeito para falar dele. Tenho quase todas as camisas do Deco. Quando eu cheguei a Portugal, o Derlei e o Deco foram os caras que me ajudaram. Aquela performance que eu tive naquele ano, a participação dele comigo foi fundamental. Ele está ligado diretamente ao meu desempenho. Sou grato a ele por isso. As camisas são a forma de eu externar a minha gratidão para as pessoas que me ajudaram - contou Carlos Alberto.
os números um e nove na camisa do Timão
(Foto: André Durão)
O capitão vascaíno revelou ter conversado com Deco após o amigo ter acertado a vinda para o Fluminense. O jogador elogiou o investimento do arquirrival e contou uma brincadeira que fez com o adversário deste domingo, no Maracanã.
- Até hoje o Deco me chama de Feijão. Mas eu disse a ele que cresci. Eu fico contente pelo espetáculo porque um jogador como ele vai abrilhantar a partida. Eu perguntei para ele se não tinha uma hora melhor para estrear. Mas espero que o Vasco leve a melhor - disse o jogador.
Além dos uniformes, o santuário de Carlos Alberto tem outras relíquias. O jogador guarda dentro uma proteção de vidro a bola da final da Liga dos Campeões de 2004. Em uma outra prateleira, os principais troféus conquistados na carreira, inclusive uma réplica da taça da competição continental. E esse ele pega, acaricia e admira com carinho.
- Foi difícil vencer esse - afirmou o jogador.
Neste sábado, confira a segunda parte da entrevista exclusiva com o capitão vascaíno, no GLOBOESPORTE.COM. Carlos Alberto fala do convício com a família, da paternidade e do que pensa em fazer após encerrar a carreira.
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